O Méier, aqui na Zona Norte do Rio, completou hoje 136 anos, onde eu nasci e cresci.
Bairro residencial, com um comércio amplo (que eu adooooro), aqui é também um verdadeiro palco das artes, com um dos mais famosos cinemas da cidade, o Imperator, que surgiu em 1954 e foi maior sala de cinema da América Latina! Uau!!! O espaço chegou a ser transformado em uma casa de espetáculo e a fechar as portas em 1995, mas reabriu em 2012, como Centro Cultural João Nogueira, com 3 salas de cinema, teatro, galeria de exposições, café e restaurantes.
Nesse mês também, no dia 21, comemora-se o aniversário do Imperator. E dia 23, o meu! 💗
A expressão "quem mora no méier não bobeier" realmente representa muito o Méiense! Porque quem vive aqui, normalmente é apaixonado por um dos bairros privilegiados do Rio: embora com seus problemas, sem favela! O que não significa mais segurança, porque apesar do "Méier Presente", ainda temos regiões com índice grande de assaltos, e as pessoas em situação de rua após a pandemia, duplicou, em especial nas ruas Ana Barbosa e Santa Fé.
Nosso bairro segue sendo ícone no subúrbio carioca e grandioso por razões históricas, culturais e afetivas que transcendem os problemas estruturais.
"O Méier é um dos bairros mais antigos da Zona Norte do Rio e foi um importante polo de expansão da cidade e sempre manteve um caráter de centralidade, servindo como ligação entre bairros e regiões. O bairro possui casarões antigos, ruas largas, praças tradicionais e uma malha urbana que ainda guarda traços da sua nobreza de outrora. O Méier é berço de artistas, músicos e intelectuais. O Imperator é um símbolo dessa herança cultural. Há também um forte senso de pertencimento entre os moradores, que defendem e celebram o bairro com orgulho". Renato Breves Gligio, Diretor da AMME (Associação dos Moradores do Méier)
É também no bairro onde viveram grandes nomes das artes brasileiras, como os escritores Lima Barreto e Arthur Azevedo, os sambistas Araci de Almeida e João Nogueira, a apresentadora Fátima Bernardes e atores como Tony Ramos, Taís Araújo, Samara Felippo e Adriana Esteves. Para o diretor, que é também autor da obra "O Livro Do Grande Meyer", que resgata a história da região e reúne curiosidades, fotos e dados historicos, "o Méier resiste".
"A atuação de associações de moradores, coletivos culturais e iniciativas como feiras, eventos e revitalizações pontuais demonstram a vitalidade da comunidade. O Méier é grandioso porque carrega em si a alma de uma parte significativa do Rio: a alma da Zona Norte - forte, criativa, trabalhadora e resiliente", completou Renato.
O Méier foi fundado em 13 de maio de 1889, mas sua ocupação começou ainda no século XVIII, quando Estácio de Sá - fundador da cidade do Rio - doou terras aos jesuítas, nos locais que atualmente estão o Grande Méier, Catumbi, Tijuca, Benfica e São Cristóvão, onde funcionavam engenhos de cana-de-açúcar com mão de obra escrava. Entretanto, após desentendimentos com a Coroa Portuguesa, os religiosos foram expulsos e em 1884, Dom Pedro II presenteou o amigo Augusto Duque Estrada Meyer com parte das terras.
Conhecido como "camarista Meyer", por ter livre acesso às câmaras do Palácio Imperial, ele era filho do comendador Miguel João Meyer, um português de origem alemã e um dos homens mais ricos da cidade no final do século XVIII. Por conta do sobrenome, a região passou a ser conhecida como Meyer (Maier, na pronúncia) e, tempos depois, os moradores aportuguesaram para Méier. Os primeiros habitantes da região foram escravizados fugidos, que formaram quilombos na Serra dos Pretos-Forros.
Apesar da história ser mais antiga, a data de fundação coincide com a da inauguração da estação de trem do bairro, à época batizada de Parada do Meyer, que ocorreu após a doação de terras pelos filhos do camarista Meyer. O pai também batizou ruas da região com os nomes deles, entre elas Carolina, Frederico e Joaquim, que receberam a grafia aportuguesa do sobrenome.
Descrita pelo escritor Lima Barreto como "o orgulho dos subúrbios e dos suburbanos" e cantado pelo sambista João Nogueira como "o maioral" no Samba do Meyer, de Wilson Batista e Dunga, o Méier abriga até os dias atuais o primeiro shopping center do país, inaugurado em 1963, na Rua Dias da Cruz. A região ainda se destaca pela arquitetura, por meio da Basílica do Imaculado Coração de Maria, na Rua Coração de Maria, única igreja de estilo mourisco da cidade. Inspirada no Templo de Santa Maria La Blanca de Toledo, na Espanha, recebeu em 1963 a honra de santuário do papa João XXIII.
Há ainda o Jardim do Méier, inaugurado em maio de 1919, com 13 mil metros quadrados e circundado pelo quartel do Corpo de Bombeiros, Hospital Municipal Salgado Filho, viaduto do Méier e pela estação de trem. Dentro dele, já estava um dos maiores símbolo do bairro: o Coreto do Méier, construído em 1916 em forma hexagonal, com sete metros de altura e seis de largura. O espaço foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) em 1985 e teria inspirado ainda a construção do coreto de Ouro Preto, em Minas Gerais. Nele, o pastor Edir Macedo começou a Igreja Universal do Reino de Deus, em 1977.