QUANDO A IDADE CHEGA...

De uns tempos pra cá os comerciais tem mostrado muito sobre a tão falada terceira idade. Como se todo idoso em nosso país, quando a idade chega, pudesse viver viajando, sem compromisso com mais nada, só curtindo a vida adoidado. Isso é só comercial!!! Aliás, a vida em comerciais sempre é das melhores! E a gente sabe que é bem diferente da vida real.

Não que a vida real não tenha momentos assim. Tem, graças a Deus! A gente viaja, curte, aproveita... mas também tem boleto pra pagar, dias ruins, momentos de raiva. Tudo normal, pra todo mundo.

A vida, na verdade, é feita de momentos. Todos os tipos de momentos. E a vida que aparece nos comerciais, ela existe, em alguns momentos. Simples assim.

E com a idade, as coisas se agravam. Só quem tem um idoso em casa, sabe!

Mamãe está com 80 anos e papai com 84. Estão uma fofura, cada um reclamando de uma coisa. Ainda se divertem em alguns momentos, mas já não tem a mesma animação de antes, para fazerem nada! Na verdade, estão cansados, claro! Gostaria de ter dinheiro para comprar uma van ou uma Spin, que assim eu poderia levá-los sempre comigo!

Todo mundo, aos 20, jura a si mesmo que quando chegar aos 40, quer estar com a mesma cabeça e alegria da juventude. Jura que vai fazer as mesmas coisas, que vai aproveitar a vida. E claro, a gente aproveita. Mas a verdade é que muita coisa muda na gente mesmo. Hoje em dia, eu continuo adorando sair pra dançar, mas tem que ter mesa e cadeira pra hora que eu quiser sentar, lounge, qualquer coisa. Fala sério: ficar a noite inteira de pé, nem morta! Bem, morta aí que não vai ter como mesmo! rsrsrs Mas entendem o que eu quero falar? 

Aos 20 eu jurava que aos 40 eu estaria com a mesma disposição. E eu estou super bem disposta, mas não a fim de sacrificar minha noite de sono todo fim de semana... Tem que ser uma coisa especial pra me fazer não preferir dormir! rsrsrs  E se eu estiver de salto, os meus pés já ficam descalços à meia-noite! Eu hein, tá louca ficar no salto a noite toda?! São as prioridades que vão mudando, sabe? A maneira como a gente enxerga a vida. 

A prioridade deles agora é ficar em casa. E olha que mamãe sempre foi de sassaricar muito! Mas agora prefere deitar, ver uma televisão... está muito mais devagar (apesar de bem ativa ainda).

Já papai está mais confuso. Repete demais as coisas, cisma com outras, quem diria, ficou um pouquinho rabugento! E olha que papai é a calma em forma de gente! E ele continua assim... calminho, mas reclamão! O que não falou a vida inteira, deu pra falar agora depois de velho! kkkkkkkkkkk 

Amo cuidar deles. São duas crianças. Impressionante como a velhice os transforma em nossos filhos, invertendo nossos papéis! Eu sempre digo a eles, que ambos irão apagar 100 velinhas! E peço muito a Deus para que eu possa cuidar deles pra isso! É muito bom retribuir o amor e o carinho da vida. Não é fácil (assim como nos comerciais), mas a gente tem que cultivar a paciência diária, assim como eles treinaram também, quando colocaram a gente no mundo! 

Abaixo um texto de Ruth Manus, que acho lindo: 

”Quem deixou meus pais envelhecerem?
(Todos os filhos deveriam ler esse texto)

Meus pais não são velhos!
Quer dizer, velho é um conceito relativo. 
Aos olhos da minha avó, são muito moços. 
Aos olhos dos amigos deles, são normais. 
Aos olhos das minhas sobrinhas, são muito velhos.
Aos meus olhos, estão envelhecendo. 
Não sei se lentamente, se rápido demais ou se no tempo certo. 
Mas sempre me causando alguma estranheza.
Lembro-me de quando minha mãe completou 60 anos. Aquele número me assustou. 
Os 59 não pareciam muito, mas os 60 pareciam um rolo compressor que se aproximava. 
Daqui uns anos ela fará seus 70 e eu espero não tomar um susto tão grande dessa vez. 
Afinal, são apenas números.
Parece-me que a maior dificuldade é aprendermos a conciliar nosso espírito de filho adulto com o progressivo envelhecimento deles. 
Estávamos habituados à falsa ideia que reina no peito de toda criança de que eles eram invencíveis. 
As gripes deles não eram nada, as dores deles não eram nada. 
As nossas é que eram graves, importantes e urgentes. 
E de repente o quadro se inverte.
Começamos a nos preocupar- frequentemente de forma exagerada- com tudo o que diz respeito a eles. 
A simples tosse deles já nos parece um estranho sintoma de uma doença grave e não uma mera reação à poeira. 
Alguns passos mais lentos dados por eles já não nos parecem calma, mas sim uma incômoda limitação física. 
Uma conta não paga no dia do vencimento nos parece fruto de esquecimento e desorganização e não um simples atraso como tantos dos nossos.
Num dado momento já não sabemos se são eles que estão de fato vivendo as sequelas da velhice que se aproxima ou se somos nós que estamos excessivamente tensos, por começarmos a sentir o indescritível medo da hipótese de perdê-los- mesmo que isso ainda possa levar 30 anos.
Frequentemente nos irritamos com nossos pais, como se eles não estivessem tendo o comportamento adequado ou como se não se esforçassem o bastante para manterem-se jovens, vigorosos e ativos, como gostaríamos que eles fossem eternos.
De vez em quando esbravejamos e damos broncas neles como se estivéssemos dentro de um espelho invertido da nossa infância.
Na verdade, imagino eu, nossa fúria não é contra eles. 
É contra o tempo. 
O mesmo tempo que cura, ensina e resolve é o tempo que avança como ameaça implacável. 
A nossa vontade é gritar “Chega, tempo! Já basta! 
60 já está bom! 
65 no máximo! 
70, não mais do que isso! 
Não avance, não avance mais!”. 
E, erroneamente, canalizamos nos nossos pais esse inconformismo.
O fato é que às vezes a lentidão, o esquecimento e as limitações são, de fato, frutos da idade. 
Outras vezes são apenas frutos da rotina, tão naturais quanto os nossos equívocos. 
Seja qual for a circunstância, eles nunca merecem ter que lidar com a nossa angústia. 
Eles já lidaram com os nossos medos todos de monstros, de palhaços, de abelhas, de escuro, de provas de matemática ao longo da vida. 
Eles nos treinaram, nos fortaleceram, nos tornaram adultos. 
E não é justo que logo agora eles tenham que lidar com as nossas frustrações. 
Eles merecem que sejamos mais generosos agora.
Mais paciência e menos irritação. 
Menos preocupação e mais apoio. 
Mais companheirismo e menos acusações. 
Menos neurose e mais realismo. 
Mais afeto e menos cobranças. 
Eles só estão envelhecendo. 
E sabe do que mais? 
Nós também. 
E é melhor fazermos isso juntos, da melhor forma."

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